As pequenas ausências do luto

Dayanne Dockhorn
3 min readAug 1, 2024

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Artista: Schinako

Como tutora, eu nunca tinha me preparado para a inevitável perda das minhas duas coelhas: Ollie e Floqui. Quando Floqui adoeceu e faleceu repentinamente, no ano passado, me vi em uma situação muito comum, mas pouco comentada.

Perder uma animal de estimação vai acontecer com a maioria dos tutores durante o curso da vida. Nós vivemos mais do que eles e não há muito o que se possa fazer sobre isso. Mesmo assim, eu olhava em volta e não via ninguém falando sobre o assunto. Depois de alguma pesquisa, continuava sem encontrar referências do que fazer, de como seguir e significar meu luto.

Então, fiz o que sei fazer: escrevi.

Comecei a redigir cartas para Floqui depois que uma amiga me falou sobre a ideia. Estava a caminho do hospital veterinário quando a primeira carta foi escrita. Floqui já tinha partido, mas eu conversei com ela como se ainda estivéssemos juntas.

Continuei a escrever nos próximos dias porque senti que tinha muito para dizer, e não encontrei apoio nas pessoas. Alguns diziam que a dor ia amenizar com o tempo; outros recomendavam “pegar outro coelho”, como se ela pudesse ser facilmente substituída.

O luto pelos animais

Perder um animal de estimação é doloroso, mas não apenas pelas razões mais óbvias.

Estudos recentes demonstram como o luto pelos animais de companhia não é validado como outros tipos de perda. Ela é comumente menosprezada, o que causa uma experiência de luto extremamente solitária e sem suporte social.

Poucas pessoas irão expor e conversar sobre sua perda, quando na verdade ela tem um grande impacto na sua vida. Afinal, como tutores responsáveis, escolhemos dividir a nossa vida com os animais.

Conforme as circunstâncias da morte, é possível que o acontecimento seja uma experiência traumática, principalmente em casos de acidentes e eutanásia.

Em geral, diferentemente da perda de pessoas, nessas situações o tutor acaba sendo o único receptáculo e testemunho da perda, o que gera uma dor difícil de mensurar.

As pequenas ausências

Escrevi boa parte das cartas para Floqui sem saber que elas se tornariam um livro. No entanto, quando decidi reuni-las e publicá-las em formato de ensaio, foi totalmente intencional.

Tenho dois norteadores para esse livro, que chamei de Pequenas Ausências: o primeiro é incentivar a discussão sobre o luto animal (ou luto pet) e o segundo é ser um espaço de conforto para aqueles que já perderam seus animais de estimação.

Meu desafio foi escrever sobre uma relação que é muito íntima. Afinal, quem vê a sua relação com seu animal de estimação além daqueles que moram com você? Isso acontece principalmente quando falamos em coelhos, que não são o típico cão e gato (aos quais as pessoas estão mais acostumadas a desenvolver uma relação de intimidade).

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Dayanne Dockhorn

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